domingo, 10 de março de 2013

Análise: Killer Joe - Matador de Alguel (Killer Joe, 2011)



Direção: William Friedkin
Roteiro: Tracy Letts
Elenco: Matthew McConaughey, Emile Hirsch, Thomas Haden Church, Gina Gershon, Juno Temple
Duração: 102 minutos
Gênero: Suspense / Drama
Países: Estados Unidos
Idioma: Inglês
Resumo: Após se afogar em dívidas, o jovem Chris prepara um plano para matar sua mãe e ficar com o dinheiro do seguro.

 

Posso dizer com certeza que, ao lado de eXistenZ (1999), KILLER JOE – MATADOR DE ALUGUEL é o filme mais surpreendente que assisti nos últimos tempos. Dirigido por William Friedkin, responsável por clássicos como OPERAÇÃO FRANÇA (THE FRENCH CONNECTION, 1971) e O EXORCISTA (THE EXORCIST, 1971), o filme mostra Chris (Emile Hirsch) que, ao se endividar, propõe ao seu pai, Ansel (Thomas Haden Church), a contratação de um assassino para matar a mãe e ficar com a apólice de 50 mil dólares. O pai agora é casado com Sharla (Gina Gershon) e mora com ela e com a filha Dottie (Juno Temple) em um trailer.

Após uma breve conversa entre Chris e Ansel em um bar de strippers, eles resolvem que vão em frente com o plano e para isso vão contratar um matador de nome Killer Joe (Matthew McConaughey). A coisa se complica quando eles descobrem que não têm dinheiro suficiente para pagar Joe e este pede como “garantia” a irmã de Chris, Dottie. Nesse momento de criação do plano, ainda não sabemos nada sobre Joe, e, no momento em que este entra em cena a qualidade do filme sobe monstruosamente. 

Matthew McConaughey, que no início da carreira teve boas participações em ESTRELA SOLITÁRIA (LONE STAR, 1996) e CONTATO (CONTACT, 1997), parecia estar fadado às participações em comédias românticas, gênero do qual vinha participando constantemente nos últimos anos. No entanto, a atuação dele em KILLER JOE – MATADOR DE ALUGUEL é de encher os olhos, sendo até surpreendente o fato de ele não ter sido indicado a nenhuma premiação por este papel. Do momento em que ele aparece pela primeira vez, até o final do filme, McConaughey domina com maestria todas as cenas, tendo uma presença magnética que faz com que não consigamos tirar os olhos dele. As expressões do ator conseguem demonstrar o que se passa na cabeça do personagem, como a desconfiança com que negocia com Chris e Ansel e a felicidade quando descobre o assado que Dottie preparou para ele.

Mas não se enganem. O fato de McConaughey se destacar tanto não apaga o mérito do restante do elenco. Gina Gershon surpreende, pois a maioria de suas atuações se destaca mais pela beleza da atriz do que propriamente pelo seu talento. Mas aqui, ela consegue atingir um nível que não se esperava. A jovem Juno Temple – vencedora do prêmio de atriz mais promissora no BAFTA de 2013 – consegue demonstrar bem a inocência e curiosidade da perturbada Dottie. Thomas Haden Church traz uma boa carga de humor para o seu personagem, que também se mostra facilmente manipulável em vários momentos. E Emile Hirsch mostra mais uma vez que tem um grande futuro. Após se destacar na comédia UM SHOW DE VIZINHA (THE GIRL NEXT DOOR, 2004), Hirsch vem fazendo papéis cada vez melhores, tendo atingido seu ápice no elogiado NA NATUREZA SELVAGEM (INTO THE WILD, 2007).

A parceria entre Willian Friedkin e o roteirista Tracy Letts mostra mais uma vez ser vencedora. Ambos também trabalharam juntos no subestimado POSSUÍDOS (BUG, 2006) – também marcado por uma grande atuação de Michael Shannon – e Friedkin chegou a dar declarações de que o grande mérito de Killer Joe é o texto de Letts, que é precioso ao criar excelentes diálogos e situações de grande tensão. E falando nessas situações, saibam que o filme recebeu uma classificação indicativa de 18 anos, por possuir cenas de nudez, violência e outras coisas que justificam essa classificação.

Infelizmente, o filme, que foi lançado em 2011 nos EUA chega apenas agora por aqui e em poucos cinemas. Mas quem tiver a oportunidade de assisti-lo, não deve perder essa chance, pois mesmo sendo violento e pesado, KILLER JOE – MATADOR DE ALUGUEL é uma experiência, no mínimo, surpreendente.

0 comentários:

Postar um comentário