sexta-feira, 26 de abril de 2013

Análise: A Casa (La Casa Muda, 2010)

Direção: Gustavo Hernández
Roteiro: Oscar Estévez
Elenco: Florencia Colucci, Abel Tripaldi, Gustavo Alonso
Duração: 86 minutos
Gênero: Terror
Países: Uruguai
Idioma: Espanhol
Resumo: Acompanhamos em tempo real o drama de Laura, que fica presa dentro de uma casa abandonada



Muito barulho se fez por A Casa após sua exibição nas mostras paralelas do Festival de Cannes de 2010. Dizia-se que era uma revolução no gênero de terror, principalmente por ser filmado em apenas um take. Eu fui um dos que ficou roendo as unhas para poder ver esta obra do cinema uruguaio, mas, ao conseguir assistir, constatei que o filme se destaca bem mais pela sua estética do que pela qualidade do que está sendo contado em tela.



A trama mostra a chegada de Laura (Florencia Colucci) e seu pai Wilson (Gustavo Alonso) à casa de Nestor (Abel Tripaldi). Os dois são recebidos pelo dono e serão caseiros nessa residência. Ao adentrar a casa, mesmo à luz do dia, já conseguimos perceber que reina a escuridão lá dentro, com tábuas tampando todas as janelas, de modo que os personagens se locomovem apenas com o uso de lanternas e candeeiros. Nestor deixa os dois dentro da casa e diz que vai buscar comida, e então Laura começa a ouvir barulhos e fatos estranhos começam a se desenrolar.

O fato de tudo ocorrer em um take - o que na verdade não acontece, pois algumas situações permitem que haja um corte entre as cenas - funciona tanto para o bem como para o mal do filme. A vantagem é que conseguimos nos sentir parte da situação, pois tudo é vivenciado em tempo real. Também pesa a favor o fato de tudo ser muito bem orquestrado, com a câmera fazendo movimentos interessantes e indo de encontro a pontos que conseguem capturar a ação mesmo não estando direcionada a ela, com o uso de espelhos e reflexos. Nessa linha, é muito interessante uma cena em que a câmera passa de espectadora da cena para personagem, pois começa a ser usada de forma subjetiva, mostrando o ponto de vista de um dos atores.


Por outro lado, a falta de um maior número de cortes faz o filme parecer arrastado em certos momentos, pois a aceleração e ritmo que uma boa montagem gera são indispensáveis para o envolvimento do público. Uma coisa que me tirou bastante da história em alguns momentos foi o uso de trilha sonora não diegética. Ora, se a intenção era tentar fazer o público vivenciar algo próximo de uma experiência real, por que resolveram colocar uma trilha sonora antecedendo alguns sustos? Não houve sentido a inclusão desse artifício, mesmo porque, quando a música foi utilizada dentro do próprio filme, funcionou de maneira bem mais arrepiante, como no momento em que Laura ouve um rádio sendo ligado e começa a tocar uma música cantada por crianças.


Em seus momentos finais, A Casa dá uma boa melhorada e consegue encerrar até de maneira aceitável o que não vinha sendo tão promissor. Vale dizer que, como vem ocorrendo de maneira cada vez mais frequente, o filme ganhou um remake em Hollywood, e, se não estou enganado, tal refilmagem foi anunciada mesmo antes da estreia do original em grande parte do mundo. De todo modo, estou até curioso para ver esta refilmagem, mesmo sabendo que obras como [REC] (2007) e Os Homens Que Não Amavam as Mulheres (Män Som Hatar Kvinnor, 2009), geraram produtos americanos totalmente desnecessários, que fazem eu me perguntar sobre a necessidade de fazer cópia quadro a quadro mudando um detalhezinho aqui e outro acolá e vender o produto como novidade.


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