domingo, 28 de abril de 2013

Análise: Dominação (Lost Souls, 2000)

Direção: Janusz Kaminski
Roteiro: Pierce Gardner
Elenco: Winona Ryder, Ben Chaplin, Elias Koteas, John Hurt, Philip Baker Hall
Duração: 97 minutos
Gênero: Terror
Países: Estados Unidos
Idioma: Inglês
Resumo: Um grupo de católicos acredita que Satã encarnará no corpo de Peter Kelson, e, para tentar ir mais fundo dentro do caso, Maya Larkin se aproxima dele para tentar comprovar suas teorias


Acho que todo mundo que frequenta esse blog (e quem não frequenta também) já ouviu falar da famigerada regra dos 15 anos, que prega que você não deve reassistir nenhum filme que você idolatrava até essa idade, senão você pode descobrir que ele não era tão bom assim. Pois bem, como era de se esperar, eu tenho uma vasta lista de filmes que eu assistia com bastante frequência e adorava, sendo que Dominação era um deles....ERA.

O roteiro do filme, feito Pierce Gardner, é tão patético que eu fiquei até assustado por ver que eu achava ele infalível na época que eu via sequencialmente. A trama mostra Maya Larkin (Wynona Rider), que ao presenciar um exorcismo malfeito pelo padre Lereaux (John Hurt), descobre algumas anotações codificadas que o possuído tinha. Nessas notas, ela acaba descobrindo que Peter Kelson (Ben Chaplin) vai ser utilizado como instrumento para satã poder vir à Terra.


E aí que começam alguns absurdos descritos no roteiro. Há, por exemplo, uma cena em que Maya entrega a Peter uma fita contendo a gravação do exorcismo que ela participou. No entanto, quando ele vai pra casa e tenta ouvir o conteúdo, nada acontece, mesmo quando ele coloca o volume no máximo. No entanto, sua vizinha consegue ouvir tudo e fica atormentada com aqueles sons malignos. Pois bem, logo após esse fato, Peter fala para Maya que ela deve ter dado a fita errada pois ele não ouviu nada, e, ao invés de ela colocar a fita no som do carro para poder tirar a prova se ela estava mesmo errada, ela faz algo bizarro: conclui que ele é o anticristo, e ainda fala para o seu amigo John Townsend (Elias Koteas) que eles já possuem tudo que precisam para comprovar a sua teoria.


Com isso, vejo algo que não consegui enxergar quando assisti ao filme em outras ocasiões, que é a crítica que ele faz à igreja católica. Isso fica ainda mais explícito em certo momento do filme em que Maya explica para Peter algumas razões para ela considerá-lo como o instrumento do tinhoso. Ela diz que um dos motivos para isso é que ele não foi batizado, ele retruca que foi, e ela diz que não foi "segundo as tradições católicas", ou seja, há um subtexto implícito de que o catolicismo prega que só a sua visão é correta.


Mas nem tudo vai mal em Dominação. Os equívocos que o diretor Janusz Kaminski - que é um excelente diretor de fotografia, colaborador constante de Steven Spielberg - comete em relação à narrativa são compensados, ao menos em parte, com a escolha de Mauro Fiore para ser responsável pela fotografia, que é um dos pontos altas do filme. A cidade (creio que seja Nova York) é tratada realmente como um local apocalíptico, com muita chuva e o tempo sempre nublado. Nos ambientes internos há alguns takes de tirar o fôlego, como o que mostra os personagens entrando no sanatório em que irão realizar o exorcismo. Toda essa beleza também é temperada por uma ótima trilha sonora, que, apesar de não ser necessariamente assustadora, se usa bem da sua característica para dar um tom sombrio em certas partes do filme.


Uma coisa do filme que eu tinha bem claro nas minhas lembraças - e que não me decepcionou dessa vez - era o final. Eu lembrava claramente de tudo que acontecia nele e tinha na minha memória que era uma das melhores conclusões que um filme de terror já teve. Essa opinião se mantém, e Kaminski deve ser parabenizado por encerrar Dominação de maneira tão corajosa. É uma pena que tantos furos no roteiro e a falta de uma estrutura bem montada façam a experiência ser um pouco incômoda, mas alguns elementos técnicos dão uma certa qualidade ao filme. De todo modo, pelo menos para mim, Dominação não passa da regra dos 15 anos.


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