domingo, 14 de abril de 2013

Análise: Redemoinho (Maelström, 2000)

Direção: Denis Villeneuve
Roteiro: Denis Villeneuve
Elenco: Marie-Josée Croze, Stephanie Morgenstern, Jean-Nicolas Verreault, Pierre Lebeau, Klimbo
Duração: 87 minutos 
Gênero: Drama
País: Canadá
Idioma: Francês / Inglês / Norueguês 
Resumo: A vida de uma mulher sofre uma severa mudança a partir do momento em que ela atropela uma pessoa


 

Eu tenho uma regra que sempre aplico quando sento para assistir a um filme: se ele não consegue me conquistar nos primeiros trinta minutos, é porque dificilmente conseguirá reverter a situação no restante do seu tempo. Redemoinho foi um ponto fora da curva, pois, inicialmente, ele me pareceu bastante desconexo, de modo que eu não conseguia me sentir preso à narrativa. No entanto, ao final da primeira hora eu já estava totalmente imerso e no encerramento do filme me senti plenamente satisfeito.


A história, que começa de maneira bastante surreal, é introduzida por um peixe, que prepara a audiência ao dizer que ele está prestes a morrer e que irá utilizar seus últimos suspiros para contar uma história muito bonita. Saímos do peixe e entramos na vida de Bibiane (Marie-Josée Croze), que, em sua cena inicial, já é mostrada fazendo um aborto. Ela passa a se sentir culpada, mas sua amiga Claire (Stephanie Morgenstern) - que já fez três abortos - fala que em breve ela conseguirá se livrar desse peso. Uma noite, para tentar se divertir, Bibiane vai a uma balada e acaba bebendo um pouco demais, atropelando uma pessoa na volta à sua casa. Esse atropelamento gera uma série de acontecimentos que causarão grande efeito na vida dela.


O filme é sempre acompanhado por cores extremamente saturadas, que quase chegam a causar dor de cabeça, e decerto foram utilizadas para enfatizar o peso que Bibiane carrega. A parte sonora também tem grande importância, de modo que quando uma determinada música começa a tocar, sempre acontece algo inesperado. Aliado a isso se encontram belas cenas, como a confissão que Bibiane faz para um estranho no metrô, ou o drink que ela bebe junto com os amigos do homem que ela atropelou. Denis Villeneuve foi bem competente  em conseguir colocar todos esses elementos em harmonia, gerando um resultado que, como já dito, pode parecer um pouco confuso no começo, mas melhora significativamente, graças também ao brilhante roteiro, também escrito pelo canadense.

Os peixes são elementos constantes na história, aparecendo tanto de forma explícita como em metáforas sobre o comportamento e situação dos personagens. Aliás, chega a ser engraçado a quantidade de peixes que são despedaçados durante o filme, sendo atropelados, decapitados e até mesmo utilizados como artefatos para ler o futuro.


O que ajuda muito o filme a conseguir se desenvolver bem são as atuações inspiradas de Jean-Nicolas Verreault, que interpreta o filho do homem atropelado, e principalmente de Marie-Josée Croze, que consegue dar profundidade à personagem, transmitindo de maneira convincente o turbilhão de emoções pelas quais ela passa. Em Redemoinho, Denis Villeneuve fez um excelente trabalho, conseguindo montar uma história interessante, cuja lentidão inicial se justifica e é recompensada pelo seu encerramento.

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