domingo, 19 de maio de 2013

Análise: Grimm (2003)

Direção: Alex Van Warmerdam
Roteiro: Alex Van Warmerdam, Otakar Votocek
Elenco: Halina Reijn, Jacob Derwig, Carmelo Gómez, Ulises Dumont, Peggy Sandaal, Elvira Mínguez
Duração: 103 minutos
Gênero: Drama / Comédia
Países: Holanda
Idioma: Holandês / Espanhol
Resumo: Uma releitura da fábula de João e Maria, que mostra os irmãos sendo abandonados pelos pais e partindo para a Espanha


E dando continuidade à filmografia de Alex Van Warmerdam, resolvi seguir a lista com Grimm (2003) que na verdade era o primeiro filme que eu queria ver do diretor, principalmente por ter lido que se trata de uma livre adaptação do conto João e Maria. Como em Abel (1986) eu percebi que o trabalho de Warmerdam tem uma grande carga de humor negro, fiquei ainda mais ansioso para ver este do qual vos falo.


A trama mostra os irmãos Marie (Halina Reijn) e Jacob (Jacob Derwig) que são abandonados na floresta por seu pai apenas com uma carta que fala para eles irem para a Espanha procurar um tio. No caminho, eles passam por uma casa de um lenhador e cometem alguns atos estranhos para conseguirem uma moto e partirem para o seu destino. Ao chegarem lá, após uma série de acontecimentos, passam a ficar hospedados na casa de Don Diego (Carmelo Gómez), que se casa com Marie. Muitas vezes é sugerida uma relação entre Marie e Jacob que parece transcender os laços fraternais, mas não fica claro se isso é normal para eles ou se há algo a mais ali.

Os momentos iniciais do filme são muito empolgantes, e, após as cenas que se passam na casa do lenhador - que envolve um dos estupros (se é que aquele ato pode receber esse nome) mais estranhos que já vi -, fiquei praticamente grudado na cadeira, imaginando que a partir dali tudo só ia melhorar. No entanto, a partir do momento em que eles chegam na casa de Don Diego, o filme tem uma queda absurda na qualidade e, mesmo mantendo alguns lampejos de criatividade, Grimm se torna entediante em alguns momentos. Ao contrário de Abel, em que o diretor mantém o humor negro rondando toda a obra, em Grimm o diretor promete algo que vai para os extremos do surrealismo no seu começo, mas resolve seguir um caminho menos interessante a seguir. Ainda que os paralelos com a fábula pudessem ser observados, eles não conseguiram fazer a narrativa se manter interessante.


Foi interessante notar que,em relação a Abel, o diretor deu uma bela modificada no estilo de seu trabalho. Naquele filme - que era a estreia de Warmerdam atrás das câmeras - o orçamento era pequeno, logo, a limitação fez com que fossem usados poucos cenários, o que foi benéfico ao filme.

Em Grimm, percebe-se que já há uma grana maior envolvida, mas isso acaba prejudicando um pouco, pois, mesmo que haja uma beleza muito maior como a fotografia bem mais charmosa - as cenas filmadas na floresta são extremamente lindas -, que preza pelas cores vibrantes, e a variedade de cenários, o roteiro tem uma queda grande, não conseguindo se manter consistente durante todo o tempo. Além disso, o diretor se utiliza bastante da câmera subjetiva, mas em alguns momentos o emprego da técnica se torna repetitivo, gerando algumas sequências que ficam até um pouco confusas. Diferente de Abel, que foi um filme bem agradável e facilmente digerível, Grimm foi uma experiência maçante que, salvo os 20 ou 30 minutos iniciais, deve ser totalmente esquecida.


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