domingo, 27 de julho de 2014

Análise: Do Além (From Beyond, 1986)

Direção: Stuart Gordon
Roteiro: Stuart Gordon, Brian Yuzna, Dennis Paoli
Elenco: Jeffrey Combs, Barbara Crampton, Ted Sorel, Ken Foree
Duração: 86 minutos
Gênero: Terror
Países: Estados Unidos
Idioma: Inglês
Resumo: Cientistas criam uma máquina que estimula a glândula pineal, permitindo que os seres humanos desenvolvam o sexto sentido e se comuniquem com criaturas de outra dimensão


A década de 80 com certeza foi uma das mais deliciosas para quem gosta de filmes de terror. É enorme a quantidade de obras de qualidade que foram feitas naquele tempo, com muita coisa que continua obscura até hoje. Me chamem de nostálgico, mas a impressão que tenho é que os filmes um pouco mais antigos tinham uma vontade de inovar, característica que falta muito atualmente. Aliás, diferente do que acontece hoje, em que grande parte dos filmes são tristemente previsíveis, naquele tempo até filmes ruins conseguiam surpreender.

O filme é uma das mais de 100 obras cinematográficas baseadas em contos de H.P. Lovecraft. Não assisti nem 20% deles, mas posso cravar sem medo de errar que Do Além é um dos melhores nesse sentido. Dirigido por Stuart Gordon, o filme mostra o físico Crawford Tillinghast (Jeffrey Combs), que, se aproveitando da genialidade de seu colega, Dr. Edward Pretorius (Ted Sorel) consegue botar para funcionar uma máquina que estimula a glândula pineal. Tal glândula  faz com que se ative um sexto sentido nos humanos, permitindo que eles vejam seres de outro mundo. Nessa experiência acaba ocorrendo a morte do Dr. Pretorius, que tem sua cabeça devorada por um ser de outra dimensão.


Crawford acaba sendo incriminado pela morte do amigo e é preso em um sanatório, sendo resgatado pela Dra. Katherine McMichaels (Barbara Crampton). Com o aval do responsável pelo local, ela consegue levar o físico de volta à casa onde tudo aconteceu para tentar recriar a experiência, e, para isso, ela conta com a ajuda do policial Bubba Brownlee (Ken Foree). A partir daí, acontecem coisas cada vez mais estranhas, e um dos efeitos colaterais da estimulação da glândula pineal é o aumento do apetite sexual, e isso é mostrado de maneira até cômica no filme, com Bubba perguntando o porquê de ter uma ereção em um momento de perigo e a Dra. McMichaels se fantasiando e perdendo o controle.


Como já era de se esperar de uma produção bem cuidada dos anos 80, os efeitos especiais se destacam demais, com a criação de monstros que são tão bizarros que chegam a ser indescritíveis - e nisso Gordon teve êxito pois conseguiu trazer um pouco do universo de Lovecraft. As cenas que mostram um personagem criando um novo olho no seu corpo (não pensem besteira) são muito bem feitas, e é praticamente impossível não sentir saudade dos tempos em que toda a maquiagem e efeitos especiais de um filme eram feitos à mão.


A versão que assisti possui uma introdução feita pelo diretor Stuart Gordon, que revela o fato de ele somente conseguir lançar essa versão - que possui 1 minuto de cenas inéditas - após receber ajuda de estúdios e da MPAA (responsável pela atribuição de classificação indicativa nos EUA). Um ano antes, Gordon já havia filmado Re-Animator, outro filme baseado em obra de Lovecraft e que também teve Jeffrey Combs como ator principal. Do Além continua muito divertido, e, apesar de não assustar muito, consegue ser um ótimo filme.


Um comentário:

  1. Cara, muito legal. Lembro de ter visto esse filme no saudoso "Cine Trash". Estou até hoje procurando qual conto do Lovecraft serviu de inspiração para esses filmes do Stuart Gordon, mas, independentemente disso, eles são muito divertidos, e diferentes dessa produção atual cheia de efeitos digitais que passam a impressão de que estamos diante de um jogo do playstation, e não de um filme.

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